Talvez você precise de mais sofrimento...


Existem muitas atitudes que podemos tomar para melhorar a nossa vida e que simplesmente não tomamos. Algumas atitudes são bem simples, como organizar uma bagunça, outras são mais radicais como terminar um relacionamento; afastar-se de alguém; demitir um funcionário; desfazer uma sociedade; ir em busca de um novo emprego etc..

Quando estamos incomodados com nossa situação de vida, sabemos o que devemos fazer para mudar, mas não fazemos, significa que, de alguma forma, aquela situação está confortável. É o que eu chamo de "a desconfortável zona de conforto". Existe um certo sofrimento, que é desconfortável, mas de alguma forma você aprendeu a lidar com aquilo e acabou ficando confortável, embora você diga que gostaria de melhorar.
Algumas vezes quando isso acontecia com algum cliente meu, que se queixava mas não conseguia tomar providências práticas pra mudar, eu dizia: "talvez você precise de mais sofrimento". Vou explicar melhor o sentido dessa afirmação.

Quando o sofrimento se intensifica e começa a ficar insuportável, as pessoas se sentem mais compelidas a agir na direção que já sabiam que deveriam. Às vezes parece que nós ficamos apenas esperando por isso para tomarmos providências práticas. Enquanto conseguimos administrar a situação desconfortável, levamos com a barriga.

O sofrimento age como um grande catalisador da mudança; torna-se o seu combustível. Eu não sou um defensor de que precisamos do sofrimento para agir, pois sempre é possível mudar por caminhos mais suaves. Mas a mudança pela dor é o que vejo acontecer com boa parte das pessoas.
Ao dizer essa afirmação para o cliente, "talvez você precise de mais sofrimento", muitos sentiam o impacto e acabavam despertando para começar a agir. A pessoa acaba se dando conta, em um nível mais profundo, do que ela vem fazendo consigo mesma, do quanto está perdendo tempo e esperando que as coisas cheguem a nível de sofrimento cada vez maior.

Por trás da falta de ação que nos mantém em situações negativas, existem ainda vários sentimentos negativos, crenças limitantes, problemas de autoestima, que levam a autossabotagem inconsciente. Por exemplo. Uma pessoa que na infância sofreu muito com críticas e falta de elogio pode crescer com um sentimento de não merecimento, de não ser boa o suficiente, e assim tem um desejo inconsciente de se punir e acaba se mantendo em situações de sofrimento.

A negatividade da baixa autoestima tem uma força oculta que influencia as escolhas levando a pessoa agir de uma maneira que racionalmente não tem sentido. Por isso, é também muito importante curar o nosso passado emocional.
Ao curarmos essas emoções, a autoestima melhora, autossabotagem diminui, as escolhas ficam naturalmente mais saudáveis. Quando não as curamos, haverá dentro de nós uma disputa silenciosa onde a negatividade nos arrasta para nos manter em situações de sofrimento, e um outro lado que quer o nosso progresso. Esse lado que quer progredir fica ofuscado pela negatividade e muitas vezes sucumbe diante da sua força. Até que pode chegar o momento onde a dor fica tão intensa, que o lado que deseja progredir desperta e arranja forças, sabe-se lá de onde, para promover as mudanças necessárias.

Em que áreas da sua vida você está precisando de mais sofrimento para fazer o que precisa ser feito para mudar?

Fonte: André Lima

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