Compaixão é se colocar no lugar do outro




Você conhece a história do lobo astuto? Há muito estava exausto de comer folhas e troncos das montanhas. Queria carne tenra, fresca. Mas os pastores daquela região eram muito espertos, tinham armas de fogo e jamais deixariam um lobo se aproximar. Pensou então em um plano perfeito: disfarçar-se de ovelha para despercebidamente atacar. Camuflado na lã, enganou facilmente o pastor e os animais. E, para que tudo fosse como sonhou, passou o dia seguindo o rebanho pelas montanhas. Enquanto andava, tinha o pensamento longe na dificuldade de ser carnívoro naquele região, no quanto a forçada dieta o estava deixando enfraquecido e doente. Nem viu chegar a noite. Logo nas primeiras estrelas notou que estava exausto com as pernas doendo terrivelmente. Decidiu então deixar o ataque para a manhã seguinte. Antes de pegar no sono viu que, mesmo depois de um dia inteiro de trabalho, as ovelhas precisavam se revezar durante a noite em uma vigília que as protegeria de ataques dos lobos. Ouviu histórias terríveis sobre os séculos e séculos em que as ovelhas fugiam dos lobos, sempre com medo, sempre assustadas, nunca andando de coração limpo atrás do seu pastor. O lobo imaginou-se naquela situação. Pensou no sofrimento que seria aquele eterno temor. Antes de amanhecer despiu-se do disfarce e foi para casa sem atacar nenhuma ovelha. E percebeu que raízes e folhas podiam ter outro sabor: liberdade.

Essa historinha antiga é um dos meus exemplos preferidos de compaixão. O lobo estava tão preocupado com os próprios problemas que todo o resto a sua volta parecia não existir ou pelo menos não ter importância alguma. Mas a partir do momento em que, mesmo que pelos motivos errados, teve a chance de estar na pele do outro, notou a si mesmo. E foi embora mais respeitoso da própria história. E sem fazer mal algum.

Exatamente o que em outras palavras diz Tenzin Gyatso, um senhor de 70 anos chamado dalai- lama, que hoje é líder máximo do budismo no mundo. Ele acredita que sentir compaixão pelo próximo acaba resultando em um coração forte, pronto para enfrentar qualquer mar bravio. Porque, quando toda nossa atenção está focada apenas em nós mesmos, qualquer problema, por mínimo que seja, ganha uma proporção gigantesca, trazendo medo e desconfiança. Mas a partir do momento em que se pensa também no outro, não só para tentar entendêlo, mas para amar e cuidar, nossa própria vida ganha um novo sentido. A autoconfiança e a coragem resultam em uma força interna e em uma calma reconfortante. Ou nas palavras de dalailama: “compaixão é poder. Cultive-a".



Dicas do Dr Jou Eel




spiratininga


2 comentários:

  1. Oi Silvana,
    Essa pode ser uma história antiga, mas você tem toda razão de lembrá-la. Colocar-se no lugar dos outros é a coisa mais difícil do mundo mas, quando conseguimos fazer isso, nos tornamos menos arrogantes e paramos de julgar a todos. Bjs

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    1. Oi Dete,
      Você sempre benvinda e, com grandes comentários. Concordo com você. Bjs

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