Julgamentos





A nossa passagem pelo mundo material guarda o objetivo de nos aprimorar de várias formas diferentes. Somos viajantes num mundo de múltiplas possibilidades, onde cada um de nos desempenha um papel definido e intransferível na orquestra da existência. Prisioneiros da realidade temporal, podemos, por médio de nosso Livre-Arbítrio, criar dentro desta redoma do mundo físico, um céu de valiosas aquisições nobres, ou um inferno de contrariedades e dor.

Sem dúvida, vivemos abaixo do domínio de uma liberdade condicional. Mesmo que acreditemos ingenuamente estarmos usufruindo de plena liberdade no mundo. E, se em algum ponto isso possa parecer verdadeiro, nos encontramos condicionados aos resultados acertados ou não de escolhas que fizemos, nesta ou em vidas anteriores.
Quando aceitamos esta realidade comum a todos, compreendemos que, ante o quadro de vida em que estamos inseridos, nos confrontaremos com outras realidades, outros paradigmas, outros mecanismos de resposta, pertencentes às diferentes criaturas que se movimentam em torno de nós, e que dialogam conosco, conforme as suas experiências particulares.

Poderíamos exemplificar esta atividade interpessoal em que nos encontramos engajados, como sendo vários mundos imersos num mundo único que nos congrega a todos.
Não porque pertençamos ao gênero humano, porque já tivéramos experimentando situações semelhantes e até quase idênticas, as nossas respostas internas são igualmente semelhantes. Cada alma responde de uma forma particular aos fatos e vê a realidade comum atrás de um cristal tingido na cor de profundas concepções individuais.

Por isso, quando julgamos o mundo dos outros seres, e as suas respostas à realidade, podemos ser precipitados e injustos, quando não conseguimos vê-los a partir de seus mundos, mas a partir do nosso.
Vivenciar o entorno e analisar o comportamento das outras criaturas com um olhar crítico, e uma ação arriscada e muitas vezes infeliz.
Para vermos com clareza, precisaríamos entender os outros na perspectiva de suas próprias realidades.

Tarefa muito difícil para nós que ainda não estamos em condições de ver a nós mesmos com a clareza necessária, ao ponto de definir com sabedoria os móveis particulares de nossas próprias ações indesejadas.
E, nesse ponto, muitas vezes surgem as projeções inconscientes, ao ver nos outros aquilo que trazemos dentro de nós. Uma distorção cognitiva de julgamento, que somente um estudo mais profundo de nossos dramas internos pode ser capaz de alterar.
Não por isso precisamos nos omitir ante a criminalidade que abunda em torno de nós, nem justificar os atos delituosos que prejudicam a coletividade.

Contudo, precisamos compreender o quanto podemos cometer erros infelizes, ao analisarmos o comportamento alheio.
Quando nos espelharmos nos Grandes representantes do conhecimento superior podemos ver que quanto maior a evolução desses seres, menor é o seu julgamento a respeito dos enganos em que as criaturas deslizam.
Quanto maior e a claridade interna, maior é a indulgência para com as faltas alheias.

Quando banhados internamente pela luz do amor incondicional, adquirimos os olhos puros de ver, sem traves nem argueiros. Capacitando-nos a enxergar os outros seres como criaturas destinadas à evolução plena que, se por um instante estacionam, aprisionadas no erro, mais dia ou menos dia, despertarão dos próprios enganos e, da mesma forma que nós, haveremos de despertar para a realidade da Luz.








Fonte: Adriana Garibaldi

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